domingo, 9 de maio de 2010

maezinha querida

Quero deixar aqui, nestas poucas palavras, que vou dizendo ao deus-dará da emoção, um grande abraço, estremecido em soluços. E um beijo, mãezinha, um beijo molhado de lágrimas.

Como lhe devo, e quanto, minha mãe...

Devo-lhe tudo, a começar pela vida.
Por muitos meses, vivi no seu ventre, aquecido ao calor do seu corpo. O meu sangue era o seu sangue; alimentei-me do seu pão de cada dia, que era o meu pão, também. E o ar que você respirava, é que conduzia oxigênio e vida ao inconsciente e tranquilo explorador de sua vitalidade, que era eu.

Quando nasci, ficamos ainda por alguns instantes ligados um ao outro... Foi quando mãos estranhas nos separaram, partindo, cortando o último laço que fazia de nossas vidas uma vida.
Creio que os recém-nascidos choram porque sentem a mágoa dessa separação. Mas nem por isso nos afastamos um do outro; seu sangue generoso se transmudou na brancura do leite e eu continuei vivendo dele e de você, mãezinha.

E vieram, depois, as noites de vigília e os dias de angústia, em que você aplicava sobre minha fronte os seus lábios temerosos de encontrar a ameaça da morte no sintoma da febre. Mais tarde aprendi com você as primeiras palavras e a orar a primeira oração balbuciada. Nossa grande separação aconteceu quando você me vestiu a roupinha nova de colegial, lembra-se? E cruzou sobre o meu peito, com emocionado carinho, a correia da malinha dos livros escolares...

Eu ia enfrentar o mundo, com lágrimas nos olhos, porque, pela primeira vez, estava sozinho, sem você, longe de você - longe da senhora, mãezinha. Mas sua imagem, sua voz, a larga sombra protetora de suas asas de anjo tutelar seguiram comigo e, até hoje, me acompanham pela vida afora.

Como e quanto lhe devo, minha mãe.

Homens? Quem são eles, diante da simplicidade grandiosa e divina das mulheres mães? Creio que os homens só não são completamente maus porque nasceram todos de um ventre de mulher.E é você, mãezinha, a senhora, essa mulher, que adoramos sempre...É você, é a senhora - não sei que tratamento lhe dar. Creio que lhe seria justo. Creio que não ofenderia nem de leve a doce Mãe de Jesus, se eu lhe dissesse, agora, falando baixinho:

“Minha mãe, bendita sois vós entre as mulheres...”

(autor desconhecido)

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