sexta-feira, 4 de julho de 2008

intervalos

ela costurava os botões na manta
eu remendava o esmalte vermelho
ela falava da avó que era Santa
eu maquiava o rosto do espelho

ele chegava manso e calado
com um jeito de quem não quer nada
nas mãos, o rosto cansado
sorria e observava.

ela assoprava o assobio prateado
eu abraçava o violão de madeira
ela lavava a dor com o flauteado
eu me deixava lavar por inteira

ele chegava manso e calado
com um jeito de quem não quer nada
nas mãos, o rosto molhado
sorria e só chorava.

Um comentário:

Dandalunda disse...

lindo demais, paula, visualizei a cena com precisão... como é bom degustar os quitutes dos seus redemunhos... =)